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Entrevista.com, 18.07.2022 às 15:35
Entrevista ao Selecionador Nacional de Futsal, Jorge Braz
Jorge Braz é, desde 2010, o selecionador nacional da equipa A de futsal. O professor está a coordenar as seleções nacionais que estão a disputar o Mundial Universitário de Futsal.

Jorge Braz iniciou a sua carreira de treinador de futsal na Universidade do Minho (UMinho) em 1997.  Licenciado em Educação Física pela Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade do Porto, é ainda mestre em Ciências do Desporto, especialização de Treino em Alto Rendimento Desportivo. A paixão pelo desporto começou com o futebol, mas quis o destino que o futsal fosse o seu caminho. No seu trajeto conta já com a conquista de dois europeus e um mundial consecutivos, tendo sido eleito o melhor selecionador quatro anos seguidos. De 18 a 24 de julho, está a coordenar as seleções nacionais, feminina e masculina de futsal universitário, que estão a disputar o Campeonato Mundial Universitário de Futsal, a decorrer em Braga e Guimarães.

Quem é Jorge Braz?

Alguém simples, filho de emigrantes que se apaixonou pelo Futsal e que adora o que faz. 

Quais as características que melhor o definem?

Humildade, frontalidade e enorme vontade/prazer no que faço em termos profissionais. 

Cresceu na pequena aldeia de Sonim, em Trás-os-Montes.  Qual a influência da sua infância no Jorge Braz de hoje?

Influenciou a forma simples e humildade das pessoas de Trás-os-Montes, da minha aldeia. Os amigos de infância, a amizade genuína. No fundo, influenciou os princípios e valores com que me identifico hoje. 

Costuma dizer que veio “de trás das pedras”. Que significado tem a expressão? Refere-se às dificuldades no caminho que o trouxe até aqui?

Orgulho dessas pedras, dos valores que significam, pelo que não significam adversidade, apenas identidade de quem somos. Muitas pessoas veem como dificuldade, eu apenas vejo como a realidade, mais ou menos difícil, temos é que arranjar solução para ultrapassar. 

A paixão pelo desporto começou com o futebol. Como aconteceu a passagem para o futsal?

Foi na Universidade, a jogar competições universitárias. Depois a oportunidade de participar em Mundiais Universitários, pela Seleção Nacional Universitária, nunca mais voltei ao futebol. 

Enquanto treinador, a sua carreira começou com o futsal universitário. Como perceciona este nível de competição atualmente e qual a sua importância para o escalão mais importante do futsal nacional?

É um espaço de excelência, uma fase muito importante para o jogador português, uma oportunidade. São os primeiros anos de sénior, com a oportunidade de estudar simultaneamente, de se organizarem, conjugar as duas atividades. Muitas vezes é um momento importante de afirmação futura. Por isso refiro constantemente que é um espaço de excelência. 

É, desde 2010, o selecionador nacional da equipa A de futsal. Quais as diferenças entre ser treinador e selecionador?

Mais tempo para planear, conceptualizar, organizar o processo (vantagem). Menos tempo para treinar, consolidar hábitos, criar identidade (desvantagem). Ambas as funções são estimulantes. 

Foi eleito o melhor selecionador quatro anos seguidos. Qual o segredo para se chegar a este nível?

O segredo? Trabalho, dedicação, tentar sempre trabalhar mais do que os adversários, estar um passo à frente, na inovação e no trabalho, só com enorme esforço e dedicação se pode chegar a patamares de excelência, em todas as áreas. 

A seleção nacional conquistou dois europeus e um mundial consecutivos pela primeira vez e sob a sua liderança. Que motivações ainda movem Jorge Braz, tendo em conta que já ganhou todas as competições que havia para ganhar?

Há sempre mais para alcançar. Olhar para o processo, o que podemos melhorar, o que podemos inovar. Há sempre mais. Os títulos são consequência, o processo é o mais importante. Por isso, temos ainda muito que inovar, melhorar, para poder continuar a ter consequências idênticas. 

A Universidade do Minho foi a sua rampa de lançamento como treinador de futsal. Quais as melhores recordações desse trajeto?

As melhores, simplesmente as melhores! A melhor equipa do mundo que treinei foi a equipa de Futsal Feminino da Universidade do Minho. Experiências, decisões, erros, que ficarão para sempre. Foi o início, mas de aprendizagens marcantes.

O Futsal é já considerado a segunda modalidade desportiva mais praticada em Portugal. Considera que o Desporto Universitário contribuiu para o crescimento que se tem vindo a verificar nos últimos anos? Como vê o contributo da Universidade do Minho (UMinho) para esta afirmação do Futsal, bem como do desporto em geral?

O desporto universitário é um espaço de excelência no desenvolvimento do Futsal. É só verificar a quantidade de internacionais “A” que iniciaram experiências internacionais com a Seleção Nacional Universitária. Agora temos as seleções jovens, mas numa fase formativa final, entenda-se de passagem para a exigência sénior, têm oportunidades competitivas importantes no desporto universitário.

A Universidade do Minho sempre foi uma referência no Futsal, agora associada ao SC Braga. Mas sempre foi uma “casa” onde se respirava Futsal. 

A UMinho recebe, de 18 a 24 julho, o Campeonato Mundial Universitário de Futsal. Qual será o seu papel nesta competição? Quais as expectativas para o evento?

Como sempre, estarei a coordenar as seleções, feminina e masculina. Na organização do processo de treino, na preparação, no fundo, ajudar no processo, o mais importante. As expectativas são as melhores. Uma oportunidade de excelência, para todos.

A academia minhota organizou o último mundial universitário de futsal em 2012, sendo que Portugal ficou em 3º lugar em ambos os géneros.  Tendo em conta as seleções que estarão presentes este ano, e os atletas que tem ao seu dispor, o que podemos esperar da competição que arrancou agora?

Dignificar o Desporto Universitário e o Futsal em particular. Sabemos a responsabilidade que temos, o que representamos, e nisso, por tudo o que tem sido feito com o Futsal universitário ao longo dos últimos 30 anos, sabem com o que podem contar.

A seleção nacional universitária apenas por uma vez conseguiu o título de campeã mundial. Aconteceu em Koper, na Eslovénia em 2008. Este ano, em casa, voltamos a ser campeões?

Voltaremos a lutar por estar nas decisões, por dar o melhor em prol do Desporto Universitário, isso sem dúvida.

Este será o 3.º mundial universitário de futsal organizado pela UMinho (1998, 2012, 2022). Que tipo de legado podem os eventos desta natureza deixar ao Futsal na região e no país?

Por isso o Futsal é tão “querido” na Universidade do Minho. Foram vários eventos de impacto na região. Este será mais uma oportunidade de proporcionar excelentes momentos de divulgação do Futsal, de fortalecer a sua relevância social, especialmente no meio universitário. A modalidade e o Desporto Universitário agradecem!

Espera ter muito público nos jogos das seleções portuguesas? Quer deixar alguma mensagem aos adeptos no sentido de cativar assistência aos jogos e apoio a Portugal?

Claro! Esperamos que os pavilhões possam estar cheios, especialmente nos nossos jogos. Portugal tem vibrado com o Futsal, sentimos sempre esse apoio, tem sido fantástico nas últimas grandes competições. Este Mundial Universitário será, certamente, mais um momento de enorme ligação entre o público e as Seleções Nacionais!

Texto: Ana Marques

Fotos: FADU

Arquivo de 2022