Organizado pela Tuna Universitária do Minho (TUM), este foi um dos primeiros festivais do género a acontecer em Portugal, após cerca de 18 meses de restrições pandémicas, ainda que o modelo tradicional tivesse de ser adaptado às exigências da Direção-Geral de Saúde.
Para entrar na sala de espetáculos, era necessário apresentar certificado digital de vacinação ou um teste negativo à COVID-19, a lotação do espaço estava reduzida a metade, e em palco só podiam estar trinta pessoas de cada vez.
O festival iniciou-se na sexta, dia 10, com a noite da Serenata à Cidade de Braga, decorrida no Salão Medieval da Reitoria da Universidade do Minho.
Inicialmente prevista para o Santuário do Bom Jesus, o local foi alterado por prevenção devido às previsões meteorológicas adversas, no entanto, tal facto não desmotivou os tunos que há muito ansiavam este regresso. O momento brindou todos os presentes com as vozes e trinados não só da tuna organizadora, como habitual, mas também de todas as tunas a concurso e da Afonsina, como tuna extraconcurso.
Mesmo após as serenatas e a distribuição das rosas por parte dos membros da TUM, várias tunas permaneceram no Largo do Paço, noite fora animando quem por culpa da lotação limitada, não pode assistir às serenatas no interior da Reitoria.
O verdadeiro espírito académico, porém, só se fez sentir na noite de sábado, dia 11, com a mancha negra de trajados que se juntou à porta do Altice Forum Braga. Preparados para uma noite marcada pela simbiose de sons portugueses, brasileiros, espanhóis e porto-riquenhos, cujas tunas ibéricas apresentaram com a animação a que já nos habituaram. A acompanhar as melodias, não faltaram os efusivos aplausos do público que encheu o Grande Auditório, mostrando estar cheio de saudades de um espetáculo de tunas.
Os Jogralhos abriram o espetáculo, seguindo-se a atuação da Azeituna - Tuna de Ciências da Universidade do Minho, que integrou o evento na qualidade de tuna extraconcurso. Após estes momentos iniciais, começaram as exibições das tunas a concurso, designadamente a anTUNiA (Tuna de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa), a Tuna de Medicina do Porto, a Tuna Universitária de Aveiro e a Tuna de Peritos de Málaga.
Numa noite cheia de emoções, destacam-se dois momentos de homenagem por parte da TUM: a atribuição de uma distinção honorífica ao Prof. Dr. António Cunha (antigo reitor da Universidade do Minho) e ao Sr. Alberto Queirós (fotógrafo que acompanha a TUM há mais de 25 anos); e uma homenagem ao tuno Luís Nogueira "Banessa" que faleceu no último ano.
Houve ainda espaço para a estreia de novos temas, que por força das circunstâncias ficaram engavetados durante os últimos meses. Viria a ser a TUM a fazer as últimas atuações do espetáculo.
Todavia, acabaram por ser as apresentações de Tiago Taxa, membro da TUM e responsável pela apresentação do espetáculo e interação com o público entre as trocas de tunas em palco,
a arrancar maiores gargalhadas do público que não conseguia conter a animação. O mesmo afirmou que, “Isto foi uma aposta muito grande, foi um esforço muito grande pela parte de todos (...), mas era necessário pôr o motor a trabalhar. Foi um sacrifício que valeu muito a pena”, disse.
Este encontro de culturas e tradições, um marco na agenda cultural bracarense, terminou com a habitual entrega de prémios, que contou com figuras como Ricardo Rio e Rui Vieira de Castro. A grande vencedora do festival acabou por ser a Tuna Universitária de Aveiro, que para além de conquistar o Grande Prémio FITU Bracara Avgvsta, arrecadou ainda mais dois prémios.
PRÉMIOS
- Melhor Serenata: Tuna Universitária de Aveiro;
- Melhor Pandeireta: Tuna de Medicina do Porto
- Melhor Bandeira: Tuna de Medicina do Porto
- Melhor Solista: anTUNiA
- Melhor Instrumental: Tuna Universitária de Aveiro
- Tuna do Público: Tuna de Peritos de Málaga
- Tuna Mais Tuna: Tuna de Medicina do Porto
- 2ª Melhor Tuna: anTUNiA
- Grande Prémio XXX FITU Bracara Avgvsta: Tuna Universitária de Aveiro
É de destacar o contributo dos tunos participantes, dos espectadores, da comunidade académica e geral bracarense, e da TUM em particular, para que este XXX FITU Bracara Avgvsta tenha sido um verdadeiro sucesso, apesar de todos os obstáculos à sua realização. A festa vermelha já conta com mais de 280 horas de espetáculo desde a sua estreia em 1990 e o desejo é que possa contar com muitas mais. Mais do que um encontro de gerações, este evento é um encontro de culturas.
Texto e foto: Luís Barros